Aborto Precisa-se

Hoje está frio, logo, em vez de passar os meus tempos mortos a deambular de café em café, decidi dedicar-me por sua vez, à verdadeira conversa de café, que é, absolutamente NADA.

Ah, ah, assustei-vos com este meu acesso de loucura temporária. É mesmo de loucura que vos quero falar.

Viajava eu pela auto-estrada da comunicação, com Via Verde, claro, pois a conta chega ao fim do mês (o Sócrates é que podia lembrar-se de meter SCUTS na internet), quando deparei-me com algo que no oposto de ser delicioso, é mesmo intragável.

Ora uma menina, num profile qualquer de internet, declarou que não gostava de ler. Ipsis Verbis " I dislike reading". Assistindo a cada dia que passa, à verdadeira estupidificação da internet, coisa que não me surpreende, eu gostava era de, ser por um dia, essa mesma pessoa, que após tão orgulhoso comentário, se não foi lavar a boca com sabão, deveria pelo menos, sujeitar-se a assistir em primeira fila, a três horas de discurso do candidato à Presidência da Républica, Manuel Alegre. (se não fosse castigo suficiente, rodava para Cavaco Silva e por aí adiante).

No que é que uma pessoa pensa quando diz que não gosta de ler?

"Oh não, mais letras não. Elas querem-me comer e regurgitar perante tão vasta audiência de carnívoros bípedes, em fase de negação ao serem confundidos por um menthos, the freshmaker". Não fez sentido? Também não era para fazer, para poderem compreender a cabeça da menina.

Será que ela queimou-se em pequena com uma sopa de letras?
Talvez explique assim o seu medo exacerbado pela leitura.

Não compreendo porque é que alguém não gosta de ler. Não falando de ler as obras completas da Margarida Rebelo Pinto, pois isso não conta como associação de caractéres, apenas como, "Dough!!!" (voz de Homer Simpson, sim, ele também não gosta da Margarida Rebelo Pinto). Todos nós lemos. Ler é como respirar, ele está lá, desde que acordamos e lemos o rótulo da cerveja que bebemos, (a menina deve beber de certeza, e logo pela manhã), até aos sinais do metropolitano e acabando no filme porno* que assistimos com a freira do seminário (não se façam de chocados. Ao menos dei-lhe uma ocupação depois de ter sido despedida por ter tendências lésbicas).

As letras, meus amigos, não são bichos papões, e essa coisa de não gostar de ler, além de só demonstrar ignorância à normal vivência diária, deve estar na moda, pois com as avestruzes que encontro durante o dia, os professores deviam-se preocupar em dar aulas, e não a baldar-se a elas.



* admito que leio as legendas dos filmes porno. além da prosa inerente a este maginalizado meio de comunicação visual, aprende-se umas asneiras para chamar à namorada...dos outros.


vemo-nos no outro lado do espelho...